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quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Projeto transposição das águas do Rio Amazonas para todo o Brasil

Estudos realizados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontam que apenas 1% da vazante do Rio Amazonas  pode acabar com a seca no Nordeste e Sudeste do País. O governador do Estado, José Melo (Pros),  afirmou que apresentará o projeto oficial à presidente Dilma Rousseff. “Transportar água é a coisa mais fácil do mundo. Precisamos só de tubos e bombas de recalque”. A declaração foi dada durante apresentação dos projetos de infraestrutura que estão sendo executados pelo governo estadual. A ideia, segundo José Melo, é que haja uma compensação financeira pelos benefícios prestados. O recurso poderá ser recebido por meio da  Lei Estadual de Serviços Ambientais, que será votada ainda este ano. “De quebra, quando essa água for transportada, o povo amazonense terá sua compensação pela retirada do bem que é nosso. Esta é uma saída para a crise hídrica e o Brasil teria que pagar um preço ao Amazonas e a um pedacinho do Pará, pois essa água será retirada entre os municípios de Parintins (AM) e Breves (PA)”, pontuou. O projeto da transposição das águas do Rio São Francisco não vai vingar, isto porque o volume de água é muito pequeno para abastecer todo o nordeste brasileiro, e outra que a água é de péssima qualidade. Além disso, o Rio São Francisco está comprometido com as hidrelétricas da região desértica. Melo citou, ainda, as obras do poliduto da Rússia até a Europa Oriental como exemplo de que, no Brasil, o projeto é viável.  “Há 50 anos fizeram um poliduto saindo da Rússia até o mar da Turquia. Foram mais de seis mil quilômetros de distância. Eles construíram a obra em meio a ventos de 60 km/h, com 40 graus negativos de temperatura e rompendo montanhas. Por que não podemos levar água para o Brasil se não temos temporais, gelo, nem nada? É tão simples”, enfatizou. De acordo com o CPRM, 1% da vazão do rio Amazonas – que corresponde a aproximadamente dois mil metros cúbicos por segundo de água –  equivalente a todo o volume do rio São Francisco, que passa por cinco Estados e 521 municípios. O rio Amazonas possui, em disparado, o maior fluxo de água por vazão. Segundo Melo, a intervenção não causará impactos negativos. “Mandei fazer um estudo para verificar os impactos ambientais. Eu tinha uma preocupação em falar disso e os cientistas irem contra. Mas ficou comprovado que esse 1% de água seria suficiente pra abastecer o Sul, Sudeste e Nordeste brasileiro sem nenhum impacto. É um volume insignificante considerando o bem que vai fazer pro Brasil”. Ainda de acordo com Melo, o potencial do rio Amazonas deve ser mais valorizado. “O rio São Francisco está totalmente assoreado, não agüenta mais a pressão do desenvolvimento. A bacia do Brasil Central também não aguenta, pois as grandes fazendas de gado assorearam os rios que eram imensos potenciais de água doce e hoje já não são mais. O Amazonas não foi agredido, só se tirou 2% das árvores que se tem. Essa compensação financeira será justamente para ajudar a mantermos nossos bens mais preciosos preservados”.  Cientistas rejeitam a idéia: Alguns cientistas discordam da alternativa. Para o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) Philip Fearnside, o problema não é o 1% da água tirada do rio Amazonas, mas sim a energia que seria necessária para bombear o recurso hídrico. “O trajeto envolve subida de altitude. Diferente de petróleo, a água tem que ser transportada em volume muito maior, e o valor por metro cúbico é muito menor, fazendo com que fique economicamente bem menos viável do que polidutos na Rússia. A energia para as bombas teria que vir de algum lugar, provavelmente de hidrelétricas, que tem grandes impactos”, analisa. A crise mundial: A demanda cresce, o clima muda, e os preços sobem. Os problemas de oferta e demanda de alimentos é um dos mais discutidos atualmente. Para o governador José Melo, a solução de transportar água poderá influenciar positivamente até a crise mundial de alimentos. “Olhando o fato de que o Brasil, nos próximos anos, será responsável por 25% de todo alimento que o mundo vai precisar, e considerando que é nos alimentos que se gasta 70% da água doce que se utiliza nesse País, e se essa água já está escassa, então tem que levar o recurso de onde tem”, ressaltou. Nota do INPE: “Um canal terrestre da foz do Amazonas até São Paulo, com algo em torno de 3 mil km de extensão e tendo que vencer grandes desniveis, faz brilhar cifrões dourados nos olhos das grandes empreiteiras. Com o maior rio da terra fluindo na Amazônia - refiro-me ao rio Voador de umidade - não faz o menor sentido pensar em usar enormes recursos financeiros da sociedade e incríveis quantidades de energia para fazer a transposição de água do Amazonas por terra. A ameaça real ao rio aéreo, que pode estar ligada à seca em outras regiões, chama-se desmatamento. Muito mais barato  será estancar o desmatamento e replantar florestas”. Editor Paulo Gomes de Araújo Pereira. F – Rio Amazonas.