Entre os famosos entes mitológicos do céu de dezembro –
Perseus, Andrômeda e sua família, Orion, os gêmeos Gêmini – existe um
personagem cuja identificação mantém–se incerta. O enigma é Auriga, o cocheiro.
Há um forte candidato a identidade da figura humana representada nas estrelas
de Auriga, mas esta pessoa mitológica não é um dos melhores personagens conhecidos.
Ele é Erechtheus, um antigo e lendário rei de Athens. O debate sábio sobre ele tornou-se
complicado devido à confusão sobre seu nome e seu local na profissão de reis.
Por exemplo, ele pode ter sido duas figuras diferentes da lenda: o quarto ou
quinto rei de Athens e seu neto, o sexto ou sétimo rei. De acordo com este cálculo
reconhecidamente confuso, foi o avô – Erechtheus – que se tornou memorizado em
Auriga. Uma posterior confusão é que tanto Erectheus I quanto o II são às vezes
chamados Erichthonius, um nome que pertence também a um rei de Dardania que possuía
3.000 dos mais rápidos cavalos do mundo, criados do Vento do Norte. A concepção
e infância de Erechtheus I foram estranhas até pelos padrões da mitologia
grega. A história narra que Poseidon enganou Hephaestus, o ferreiro coxo dos
deuses, ao imaginar que Atenas insistisse que o ferreiro casasse com ela.
Quando a casta Atenas chegou a verificar alguns assuntos com Hephaestus, ele
tentou desonrá-la. A deusa foi capaz de resistir a seu ataque, mas durante o
encontro Hephaestus “deixou cair sua semente” – que caiu do céu para fertilizar
Gaia (Terra). O filho que Gaia deu a luz foi Erechtheus, mas até esta mais
generosa matrona recusou cuidar de uma criança tão mal concebida. Athenas,
todavia, tomou piedade e criou Erechtheus, embora em segredo, de modo que seu
adversário Poseidon não o descobrisse e zombasse dela. Enquanto Erechtheus era
ainda criança, Atenas o pôs em uma cesta e o instruiu aos cuidados das três
filhas de Cecrops – as quais reclamaram que Erechtheus era o segundo rei de
Athens. Estas garotas eram chamadas Agulauros, Herse e Pandrosos. Vários contos
são narrados sobre seus destinos, mas de acordo com um conto – uma paciência
nessa história – duas das meninas desobedeceram à ordem estrita de Athenas de
não entrar na cesta. Embora Pandrosos resistisse em não olhar, as outras
fixaram e viram uma criança que parecia está se enroscando em um rolo de cobras
– que na realidade era a cauda da cobra Erechtheus deformada. Elas foram
instantaneamente amarradas com fúria a horrível visão e arremessadas as suas
mortes – destinos – do topo da Acrópole. Após Erechtheus ter crescido aos
cuidados de Athenas, ele veio ser rei de Athens ao destituir Amphictyon que
incidentalmente foi o primeiro a chamar acidade de Athens. Também se diz de
Erechtheus que ele iniciou a adoração a Athenas e foi o primeiro a ensinar aos
homens a arte de trabalhar a prata. Talvez uma realização até maior foi sua
(lenda) invenção da carruagem, para que – finalmente, o ponto de toda a
história – ele fosse identificado como a figura do cocheiro nos céus
estrelados. Mas existem muitos outros pretendentes ao título de Auriga. Entre
os mais interessantes estão Phaethom, que dirigiu a carruagem do sol em um dia
com resultado desastroso, e Bellerophon, que montou Pegasus quando ele tentou matar
Chimera, um monstro de três cabeças. Realmente, a figura celeste de um homem em
uma carruagem ou carroça, ou somente uma carruagem, parece antedatar os gregos
clássicos e ter sido adotado por eles do Meio-Leste. Em seu livro Star Lore
Richard Allen menciona a reinvidicação que os egípcios conheciam a constelação
como Roh, um carroceiro, ou Lora - as rédeas - mas não discute como
primeiramente estes títulos podem ter vindo a ser usados. A representação mais
comum de Auriga não inclui a carruagem, mas a cabra-mãe – Capella – e seus
cabritos, que o cocheiro está segurando. Editor PauloGAPereira. Imagem de
Auriga.